segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Falando de poesia.


Vamos continuar a falar de poesia? Até porque é um gênero tão pouco trabalhado, tão pouco apreciado...
Às vezes, as pessoas superestimam a poesia: é coisa para eleitos, doutores, iniciados. Mas há muito da linguagem poética que se aproxima da linguagem infantil: a espontaneidade, o estranhamento, aquele novo olhar sobre uma coisa que já estamos carecas de ver! Isso é o mais legal da poesia!
A dica de poesia de hoje é o livro Namorinho de portão, de Elias José. O nome já lembra a gente de  momentos gostosos da infância, vocês não acham? Vejam o poema a seguir:



Brincando de não-me-olhe

Não me olhe de lado
Que eu não sou melado.

Não me olhe de banda
Que eu não sou quitanda.

Não me olhe de frente
Que eu não sou parente.

Não me olhe de trás
Que eu não sou satanás.

Não me olhe no meio
Que eu não sou recheio.

Não me olhe pela janela
Que eu não sou panela.

Não me olhe da porta
Que eu não sou torta.

Não me olhe do portão
Que eu não sou leitão.

Não me olhe no olho
Que eu não sou caolho.

Não me olhe na mão
Que eu não sou mamão.

Não me olhe no joelho
Que eu não sou espelho.

Não me olhe no pé
Que eu não sou chulé.

Não me olhe de baixo
Que eu não sou riacho.

Não me olhe de cima
Que acabou a rima.




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